TECIDOS

Tecidos
2015-2016 / Acrílica sobre tela

"A pena de morte foi legalizada, mas não fomos informados. Na rua vejo a polícia rondando e encarando a tudo e a todos. Jovens (geralmente) enfileirados com as mãos na cabeça em frente à parede tem seus bolsos e sua privacidade violadas o tempo todo. Eu sentado em uma banca na praça com outras pessoas de pele parda ou negra já é motivo para afrontamento daqueles que dizem nos protege. Mas de uns tempos pra cá, a farda não parece ser tão perigosa quanto às roupas comuns dos cidadãos de bem, estes que se dizem desprotegidos e usam desse argumento para vigiar e punir.

Os cidadãos de bem vociferam de alegria e a família tradicional brasileira comemora, com suas orgulhosas e ensanguentadas mãos. 'Bandido bom é bandido morto', 'quem mandou roubar?', 'tem que empalar' são os novos jargões na hora do almoço de domingo. Abrem mais sorrisos que piadas de pavê entre os tios da família. Ligo a tevê e vejo a cidadã de bem, com sangue nos olhos, vomitando seu ódio: 'A atitude dos vingadores é até compreensível, o estado é omisso, a polícia, desmoralizada, a justiça, falha, o que resta ao cidadão de bem, que ainda por cima foi desarmado? Se defender é claro!'" Arthur Gomes, curador.

Na série Tecidos, assim com o a série Bananas, registro imagens baseadas em situações reais de linchamento fotografadas ou para matérias jornalísticas, ou pelos próprios linchadores. Porém aqui a ordem se inverte, o signos que representam o estéreotipo tropical do brasil servem de fundo para as imagens que representam o lado sombrio e violento do país.

Tecido 4 / acrílica sobre tecido e tela / 60 x 60 cm / 2016

Tecido 1 / acrílica sobre tecido e tela / 60 x 60 cm / 2015

Tecido 3 / acrílica sobre tecido e tela / 60 x 60 cm / 2015

Tecido 2 / acrílica sobre tecido e tela / 60 x 60 cm / 2015